sexta-feira, novembro 10, 2006

Glogalização


O tema é tão redondo que, apesar de várias tentativas, nunca lhe encontrei uma ponta que me entusiasmasse o suficiente, para enfiar uma agulha e tricotar uns argumentos.
Do meu ponto de vista, mais exactamente do extremo Sul, com um pé no Mar e outro na Escola, a ideia é brilhante para empresários, directores de empresas, accionistas e consumidores endinheirados.
A princípio foi simples: as grandes multinacionais americanas - quando os jornais e os taxistas começaram a falar das virtudes da bolsa - foram despachando sorrateiramente os "papéis" e financiaram-se de grande, à conta do ingénuo peixe miúdo. Quando o peixinho perguntou pelo platôn, os jornais começaram a escrever sobre a admiravelmente desafortunada "bolha tecnológica". Pegaram no dinheirinho, ganho honestamente e foram fazer fábricas para a China e para a Índia. Primeiro deixaram os pequenos proprietários de olhos em bico, agora expropriam-nos sem que estes vejam um cêntimo e, sempre que os deserdados reagem, são candidatos a herdarem lacrimogéneo em generosas doses.
Aos trabalhadores pagaram e pagam o que sabemos, mas o sucesso das empresas, estampado nos lucros, é sempre justificado com a excelência de quem dirige.
A dimensão do mercado - o Mundo e arredores - e as viagens que essa dimensão implica, favorecem a exaltação da filosofia mercantilista. Explicar as vantagens de vender para a China, pode mesmo acontecer ao incauto que decida sentar-se numa qualquer mesa de café, seja a que horas for, de Vieira do Minho à ponta de Sagres.
Nós, com a nossa dimensão, confortamo-nos com a possibilidade de vender: vinho, simpatia, rolhas, sapatos, generosidade, bom acolhimento, praias, campo e clima. Compete aos chineses e aos indianos habituarem-se a voos low-coast e aterrarem que nem corvos nos resorts que irão consumir da falésia à planície, o que resta da paisagem.
Hoje, que preparo uma visita de fim-de-semana, ao que ainda vai restando da reserva cultural que o Alentejo constitui, estou preocupado com a enorme probabilidade que essa gente vai ter, de fazer torcicolo.
Não vá o Diabo tecê-las - para além do que tem tecido - e, antes que o fedor a enxofre se intensifique, comecei a preparar o futuro.
Nem mais, nem menos:
Pedido à banca de empréstimo - sem arredondamentos para cima - a começar a pagar em 2060 e posterior aquisição de 4 hectólitros de aguinha do Alqueva. A seguir: Zás! Campanha para chineses viciados em Mac Donald:
"Atile-se e mexe os blacitos até à exaustlão.
Plemaneça tlês dias na água.
1 glama = 1 euro. Munto Balato!"

1 comentário:

saltapocinhas disse...

A globalização é um assunto complicado demais para os meus lentos neurónios... Nem vale a pena pensar nisso. A única coisa que faço anti-globalização é tentar comprar sempre produtos portugueses...
Quanto à tua ideia de negócio, talvez náo seja má ideia, da maneira que as coisas estão há que ter uma 2º saída. Ainda hoje à tarde com uma parte jeitosa de familia reunida cá em casa se falava de negócios alternativos!
Ideias não faltam, só o capital!

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