quinta-feira, dezembro 21, 2006

Santidade Reguladora

O nosso guru aceita interromper os preparativos para a ceia e entre couves portuguesas e rabanetes, abre o missal:


Guru - Olá! Então... como jornalista ou como investigador?
Eu - Como jornalista...
Eu - (Com dificuldade em controlar o riso) - Sei que prepara a ceia, mas não resisti a voltar à montanha e à sua companhia. Proponho-lhe um tema muito actual e muito polémico.

Guru - Força!

Eu - Que pensa da Entidade Reguladora para o Comunicação Social?
Guru - Quase toda a gente que desempenha funções executivas sonha com Regulação. Repare: alguma coisa ou alguém sai do carril e o gestor não precisa esforçar-se contra o comboio ou o maquinista. A Entidade que faça hérnias.
Eu - Falemos da Entidade Reguladora para a Comunicação Social...

Guru - A regulação para a comunicação social em Portugal releva a importância da incongruência. Imagine: um jornalista pode meter-se em sérios trabalhos e ver a sua vida arrasada por ter escrito uma milésima parte do que se escreve por esse Mundo fora. O problema é que não abona você pensar: Bem... mas... Portugal não é o Mundo.

Eu - Está a pensar nas multinacionais da pornografia e da violência?

Guru - Dificilmente uso o tempo a pensar nessas coisas. Posso referir-lhe um exemplo trivial: um adolescente provoca uma professora de forma violenta. A professora reage. Outro adolescente filma e coloca o vídeo na Internet. Milhões de pessoas terão acesso às imagens. Imagina a entidade reguladora para a comunicação social a querer regular o Google? Mesmo que se auto-convençam que lá chegarão exercitando a heroicidade, serão completamente desprezados. No entanto, por mais que o jornalista do Público se esforce, jamais conseguirá que todos os textos que produz sejam lidos por uma ínfima parte das pessoas que acederão ao vídeo com olhos de o ver.

Eu - Referiu-se ao jornalista do Público por acaso, ou conhece a recente história de acusação de censura e interferência directa na RTP por parte do gabinete do 1.º Ministro? O jornalista garante que houve um telefonema para a RTP visando o impedimento de imagens sobre incêncios...

Guru - Um jornalista que me visita com frequência, falou-me vagamente do episódio. O que posso dizer-lhe, é que antes de vir para a montanha, os telejornais fumegavam amiúde, por todo o lado. Mesmo nos meses sem Sol, após o telejornal, qualquer cidadão poderia facilmente imaginar Santana Lopes com uma caixa de fósforos no bolso.

Eu - Sabe concerteza que um dos argumentos que consta do texto que a entidade produziu, se sustenta no facto do jornalista ter dado a notícia sem consultar a parte acusada?

Guru - Felizmente ouço pouca conversa. Tirando o melro, as aves aqui não dizem nada de jeito. Se quiser acompanhar-me pode verificar isso mesmo, enquanto apanho uns cogumelos antes de anoitecer.
Eu - Vamos lá então...

2 comentários:

saltapocinhas disse...

FELIZ NATAL e um 2007 FABULOSO!

José António disse...

Para ti também Saltapocinhas!

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