O Presidente da Venezuela insiste na revolução socialista. Para o efeito tem apelado, com a força que o povo das favelas lhe dá, à participação dos seus concidadãos, no aprofundamento do projecto. O discurso poderia perfeitamente enquadrar-se na retórica e não beliscar os interesses da alta finança. Acontece que desta vez, Hugo Chavez, sentado em enormes pufs de hidrocarbonetos, ameaça nacionalizar vastos sectores da economia.
A bolsa de Caracas desatou a cair assim que a notícia escorreu nos jornais; a estratégia do grande capital é cruel e não se recomenda aos pobres habitarem locais onde os dirigentes de um País (mesmo que riquíssimo em recurso naturais), aspire a nacionalizações. Para já não tem havido grande eco deste acontecimento. Para as bolsas mundiais não é altura de espantar a caça. Para além do mais, os fundos de investimento estão à espera de arrecadar milhões em dividendos que "lavarão" em paraísos fiscais, sem que os depositários vejam um cêntimo da distribuição dos lucros das empresas.
Pelo exposto, não tardarão alguns meses -Maio deve ser o limite- para que Hugo apareça nos média como o maior bandido da América Latina e arredores.
Não faço a mínima ideia de quem o homem é, não só nunca convivi com ele, como raramente acredito no que vem nos jornais. O que sei, ou julgo saber, é que Hugo tirou muita alminha dos labirintos das favelas e que não o fez ameaçando com raids ou força bélica equivalente. Tirou-os da profunda miséria e eles, apesar do hábito enraizado pela infinita paciência e resistência, estão agradecidos.
As labirínticas favelas são sítios de difícil acesso e com poucos lugares de estacionamento.
A economia, enquanto ciência, precisa de números e recolhê-los em tão difíceis condições, poderia incomodar os pobres. Por isso é que nunca saberemos a verdadeira amplitude do socialismo de Hugo Chavez. Um dia figurará como um bandido e ponto. É quase sempre o que acontece a quem se propõe incomodar os ricos.
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