O Gamalhães

- Oh professor!... Quando é que vem o Gamalhães?

- Tá quase a vir (Opss!). L., olha que ele não gama, ele maga...

- Hummm!?

O diálogo que se seguiu está relacionado com feed-back corrector ajustado à troca de sílabas e portanto não convém ao assunto que aqui quero trazer.

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A propósito do portátil de baixo custo, tenho lido críticas diversas, sendo que as mais disparatadas relevam a ideia de que colocar nas mãos dos miúdos um brinquedo que os ajude a aprender noções básicas de informática é um disparate. Trata-se de opiniões preconceituosas absolutamente descoladas da realidade. Não saber utilizar um computador é, hoje, tão grave como era não saber ler no jornal "A Bola", há dez anos atrás.

O problema não está no objecto lúdico-didáctico. O grande problema está na tentativa de passar a ideia maravilhosa de que os miúdos levam o computador para a sala de aula e o professor altera, num passe de mágica, as suas práticas, garante a segurança do brinquedo, disponibiliza os conteúdos, adquire software e todos serão muito felizes e muito informáticos. E, para os mais "ilusionistas", o delírio chega a fazer supor que, depois de algum tempo, os pais poderão cantar alegremente: "O rapaz trabalha nos computadores... dizem qu' é um emprego com saída!".

Vender mentiras ao preço da chuva sai sempre caro a quem compra. É bom para os alunos terem um computador, mas a escola precisa de recursos materiais e humanos para a coisa não dar as barracadas do costume. As Escolas terão de ter professores da área, margem financeira para software e salas facilitadoras da capacidade de desempenho desses professores. Sem isso, estaremos no domínio do Gamalhães, que pouco mais fará que gamar-nos a paciência.