quarta-feira, março 11, 2009

A Barbárie

A notícia chegou para nos gelar: Um rapaz de 17 anos, ex-aluno de uma Escola, numa pequena e pacata cidade alemã, chacinou alunos, professores e, na fuga, transeuntes. Depois, após tiroteio com a polícia, suicidou-se. A chanceler Angela Merkel decretou, visivelmente chocada, um dia de luto.
A investigação está a decorrer. Porém, provavelmente, nunca chegaremos a compreender o que motivou o barbárie. O facto do acto não constituir episódio único acrescenta gravidade e requer análise séria e rigorosa.


Talvez não seja má ideia os elitistas da caganeirice e do rigor reflectirem sobre o conjunto de tão graves ocorrências.
Para esses adeptos da exigência - que olham do cimo da sua infinita sabedoria para o que consideram ser a flor do esterco - deixo algumas perguntas:

-As famílias conseguem actualmente ajudar os filhos a desenvolver resistência à frustração, ou -porque o modelo económico as explora em quase todas as horas que conseguem estar acordadas- tendem a compensá-los no imediato, oferecendo-lhes a despropósito o encantamento que a TV publicitou?

-As famílias estarão condenadas a oferecer vídeo jogos (que contribuem para a confusão entre real e imaginário) em troca do afecto que não podem (ou não sabem) dar?

-A globalização não enfraquece o poder político a ponto de uma qualquer multinacional poder vender a ideia (nos "inocentes" jogos) que chacinar é divertido e está na moda?

-À Escola não caberá ajustar uma oferta consentânea à sua população escolar?

-Não deverá a Escola elaborar um conjunto de regras que permita a convivialidade entre todos (os "bons" e os maus "alunos") independentemente da capacidade de realização de cada um?

-Não deverá a Escola pedir responsabilidade aos pais que não respeitam valores e regras fundamentais? Como?

-Fará sentido uma Escola (a partir do 2.º Ciclo) de currículo único?

-Fará sentido um psicólogo para mais que um agrupamento de Escolas?

3 comentários:

Anónimo disse...

Boas questões, sem dúvida... mas ninguém do poleiro se interessará minimamente por tal. Enquanto isso, vamos continuar a "pactuar" com as atitudes e comportamentos violentos dentro das nossas escolas, porque ninguém está para se chatear e quando alguém se chateia, apenas se chateia sozinho. Quem tem estofo para denunciar isto? Ou melhor qual é o conselho executivo que se preocupa com isto e faz alguma coisa para inverter a situação, penalizando tais comportamentos e dando o apoio necessário a quem os denuncia? Que tristeza! :(

Anónimo disse...

Zé, subscrevo tudo!
Obrigada por te lembrares dos psicólogos.
Psi.

cá-cá (Portugal) disse...

Boas questões... Realço apenas aquela da "escola elaborar um conj de regras q permita a convivialidade entre os bons e maus alunos" pois acho que aí está o cerne da questão... não estará esta sociedade a criar pequenos 'monstrinhos' ao estimular desde cedo as crianças para serem os melhores em todas as actividades, esquecendo os valores essenciais como a amizade, o respeito, etc... Criamos as crianças quase como aqueles cães de lutas... desculpem a comparação!!
Parabéns pelas questões colocadas!!
PS: Ler livro 'Dezanove Minutos' Jodi Picoult Muito interessante, sobre este tema!

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