segunda-feira, janeiro 29, 2007

O aborto

As Tvs, os jornais, os e-mails e até os blogs, transbordam de aborto. Percebe-se. O disparate que é o referendo, pede campanha. Até há Blogs com logotipo pela vida (em alguns a gente fica a pensar como será essa história de haver vida sem truca-truca) e outros com logotipo pelo SIM. É pena, o assunto é sério e merecia legislação adequada, não havendo portanto necessidade de incomodar as pessoas com a maçada que estas campanhas constituem.


Numa viagem exploratória sobre a matéria encontrei um excerto de um dos livros de Clara Pinto Correia (Clara Pinto Correia, "No meio do nosso caminho", Oficina do Livro, 2005), no blog "Entre Pedras, Palavras".


Reza assim:

"Eu acho que a verdadeira razão pela qual os homens andam todos como toda a gente se queixa que andam, assim trombudos, deprimidos, alienados, silenciosos, essas coisas, tu sabes essas coisas que eu te digo tantas vezes, eu acho que os homens andam assim porque estão a ser obrigados a desempenhar um papel que não tem absolutamente nada a ver com eles. Isto do homem doméstico é uma modernice sem pés nem cabeça. No meio do entusiasmo das revoluções, ninguém perguntou aos homens se eles queriam viver desta maneira. E eu acho, mas é que acho mesmo, que a vida em família é completamente contrária aos instintos do homem. A sério."



Este excerto é uma síntese de porque é que eu não gosto lá muito destas campanhas. Prestam-se a uma superficialidade que vende. São como a música que, de tanto passar na rádio, se entranha a ponto de haver vontade de a comprar.


De que família se trata? De que homem? Em que circunstância? Será da casa dos vinte ou dos cinquenta? Entre os vinte e os trinta será talhado para muito mais que sexo? Valerá a pena gastar pena para escrever isto? Não existirão mulheres não talhadas para domésticas, mulheres a quem família tradicional inspira trombas?


A sério, isto é mesmo fraquinho. Eu acho! Mas é que acho mesmo. Acho mesmo que, sempre que se pretende tratar tudo ao molho e fé em Deus, resultam palavras como poderiam resultar pedras.

1 comentário:

Nilson Barcelli disse...

Tens toda a razão.
Quase ninguém se salva no meio desta algazarra toda.
Um abraço e bfs.

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