sexta-feira, março 30, 2007

Escola Nova

Com o objectivo de renovar o vergonhoso parque escolar (e depois chamam sociólogos para nos ajudar a perceber porque é que, num concurso televisivo, em 200 mil votantes, Salazar tem 40% dos votos), têm sido construídos edifícios que, embora se assemelhem a verdadeiras escolas, deixam ainda algo a desejar. São construções, com um toque de modernidade, que globalmente competem bem com as escolas chinesas, mas mal com as finlandesas. É preciso reconhecer que deitar mãos à obra é iniciativa louvável, mas isso não deverá inibir a critica, sempre necessária à evolução.


Na verdade, há nestes novos edifícios escolares erros absolutamente dispensáveis:

1 - Mesmo pegando em legislação de há décadas, é fácil perceber que as salas têm área reduzida para tantos alunos (24 por sala, em média).

2 - Depois de devidamente arrumado o equipamento escolar indispensável, não sobram paredes suficientes, para que se possam garantir suportes visuais facilitadores das aprendizagens. Na verdade não resta espaço, nem para colocar uma pequena lista.

3 - O quadro: esse aglomerado de madeira pintado de preto, onde se escreve com giz branco, não deveria continuar a ser o instrumento privilegiado de comunicação com os alunos. Poderá fazer sentido como recurso complementar, nunca como primeiro e único. Mesmo um servente de pedreiro, dispensa poeirada tão abundante. Os quadros interactivos já são uma realidade em várias regiões do nosso País. É incompreensível que o Algarve fique pelo triste aglomerado.
4 - O único computador existente em cada sala, fica exactamente ao lado do quadro (a tecnologia adora pó de giz). A localização (com poucas hipóteses de alteração) não é adequada e este rácio está completamente ultrapassado (o mínimo seriam 3/4 computadores por sala). Mesmo na América Latina, as grandes empresas de semicondutores, como a Intel, já conseguem introduzir computadores adaptados à aprendizagem, a baixo custo.

5 - A sala polivalente, também destinada à educação física, pode até revelar-se ineficaz para alugar a noivos e padrinhos. Qualquer objecto que passe uns centímetros acima da cabeça, levanta as placas do "tecto falso". Mesmo esquartejar um bolo de noiva, poderá constituir tarefa árdua, especialmente para quem começar a cortar por cima.

6 - As árvores plantadas em redor de toda a Escola: os ciprestes são árvores muito bonitas e características da paisagem mediterrânica, mas têm dois grandes inconvenientes: estarão a fazer sombra daqui a dez/doze anos, precisamente quando desatam a frutificar. Isto é, quando dão sombra, dão cabeças partidas.

7 - A inexistência de um espaço coberto no exterior do edifício. É verdade que no Algarve chove pouco, mas é bem provável, que algum dia chova.

Embora estejam aqui evidenciados aspectos que se consideram menos positivos, há ideias e soluções muito correctas, sendo o campo de jogos um espaço excelente. Globalmente o edifício é plenamente conseguido, pena é que os responsáveis pelas decisões não tenham tempo para ouvir os professores(as) a e b, durante a fase de planificação das construções escolares.
Se há propostas que poderão ser recusadas com o habitual argumento dos custos, há aspectos de pormenor que, pelo contrário, poupariam insuficiências e soluções dispendiosas (fará sentido optar por pintar paredes, em que diariamente centenas de crianças colocam as mãos, em vez de utilizar um revestimento que permita uma limpeza diária, eficaz e relativamente rápida? Não faz).

É com o propósito de que se evitem os mesmos erros em outra escola, cuja construção está a iniciar-se (1 2 e 3), que surge este post, para o qual alguns professores(as) deram o seu contributo .
Voltaremos para avaliar a próximo edifício escolar.

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