Quando a contestação dos professores assumiu carácter galopante, pensei: é desta que a Ministra reconsidera e, reconsiderando, corrige erros. Enganei-me!
Embora tivesse como dado adquirido que soaria bem ao povo o slogan: "avaliação de professores, já!" e que por isso interessaria explorá-lo até à exaustão, pareceu-me possível e razoável que, quando a escola e a rua inflamassem, a Ministra viesse, numa atitude pedagógica, explicitar a importância da qualidade do processo. Nada disso! Desprezando a possibilidade do meio estar completamente errado, a Ministra continuou a dizer: "Os professores têm de ser avaliados!" Essa atitude constitui uma clonagem do tristemente célebre princípio Maoísta de que os meios justificam os fins. Quem diria? Maoísta!
Excluindo a sonoridade do slogan, o que sobra é péssimo de engrolado. Mesmo os pais mais crentes na generosidade das medidas, facilmente compreenderão que os professores, metidos em infindáveis grelhas, não lhes sobra tempo para ensinar; daí tenderão a engrifar-se. Que diria a Ministra de um professor que entendesse por bem pendurar um jovem p'los cabelos, até que o seu comportamento fosse conducente a uma relação harmoniosa com os colegas e os professores? Diria mal? Pois bem... há meios inadqueados.
Para além da Ministra temos os Secretários de Estado e o que dizem. Ontem, Valter Lemos resolveu responder a Ana Benavente dizendo que "o seu trabalho não produziu resultados positivos". Valter Lemos revela inabilidade para imitar os peixes no acto de tirar o isco do anzol. Então quem foram - nas Escolas - os principais actores das medidas implementadas, enquanto Ana Benavente foi Secretária de Estado? Quem!?... Pois... exactamente aqueles professores a quem o concurso para titular previa a atribuição de mais pontuação. Pois é...
Entrámos na fase do desnorte e não foi só Ana Benavente a perceber isso. De há muito vínhamos alertando para a necessidade de parar para pensar. De há muito que o Presidente da República dá sinais de estar preocupado, mas a Ministra, sustentada pelo Conselho de Escolas - órgão de duvidosa importância - sente que as mais-valias, por via do que designa por população, são de "boa moeda".
Há em todo este processo tanto por explicar... se pelo menos percebessemos porque não testam a avaliação de desempenho nas Escolas que estão representadas no Conselho de Escolas. Sabem da poda? Cheguem-se à vinha! Em educação importa dar o exemplo. Ou também já não importa? Tenham coragem!
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