Ontem fui à Manif! Passei mais de uma hora entalado no trânsito; um ligeiro contra-tempo largamente compensado pelo facto de ter participado numa das maiores manifestações realizadas no Algarve, nos últimos 20 anos. A classe profissional estava amplamente representada. Do Pré – Escolar ao Secundário, passando pelo Ensino Especial, todos gritavam: "Abaixo a Avaliação!". Havia gente dos 8, aos 80. Porreiro pá!
Antes de ontem, embora não tenha dirigido selectivamente a atenção para o Programa (“Prós e Contras”) que passou na TV, apercebi-me que houve, entre os presentes, a preocupação de fazerem passar a mensagem da necessidade urgente de apaziguamento. Para o efeito houve quem chegasse a propor a utilização de mediadores, como nas guerras. Com mediadores, sem eles, com esta Ministra ou com outra, há um clima de crispação insustentável que alguns pretendem justificar com o exagerado sacrifício pedido aos Professores. Não concordo! O clima tem, na sua génese, a péssima estratégia de culpabilização dos docentes. Se a esse facto adicionarmos uma quantidade generosa de medidas disparatadas e avulso… teremos o caldo.
Não pretendo adoçar o caldo, mas deixo alguns exemplos dessas medidas e também algumas questões para reflexão:
- É razoável que num concurso para hierarquizar a classe docente, uns tenham acedido a professores titulares com 65 pontos e outros, no topo da Carreira, com 92 pontos, tenham sido excluídos? Não é razoável. Entretanto um dos Secretários de Estado veio falar na reabertura do concurso para os docentes no topo da Carreira. É o mínimo, mas peca por ser tarde.
- É razoável que um professor no topo da Carreira tenha de ser avaliado de dois em dois anos? Nem sequer é razoável que tenha de ser avaliado nos termos da Lei em vigor! Avaliar um professor no topo da Carreira, com o sistema de quotas, pode querer dizer que esse professor se sinta mais confortável desinvestindo. A avaliação deveria ser menos burocrática, ocorrer tomando como referência espaços de tempo mais alargados e não incidir de forma evidente na observação de aulas. O número de aulas o observar deveria ser drasticamente reduzido.
- É razoável que um Professor da área de expressões, avalie um professor de especializado em educação Especial, ou vice-versa? O Despacho que tenta minimizar os estragos - e que ainda não foi publicado em DR - continua a deixar o problema em aberto.
- O Estatuto do Aluno? Um desaire escusado quando o clima já estava quente.
- A Legislação para a Educação Especial? Boa vontade, mas muita ignorância. Então é razoável partir do pressuposto que todos os alunos que não são do grupo alvo da educação especial, acederão aos conteúdos programáticos que constam no currículo regular? Há muito a fazer e, caso se queira fazer alguma coisa, jamais poderemos ter a misturada dos mega – departamentos, que só deveria ter existido para efeitos de conveniência no concurso. As Escolas precisam de departamentos para a Educação Especial, onde deverão ter lugar os professores de apoio-sócio educativo e outros (tutores, por exemplo), cujas funções estejam directamente relacionadas com dificuldades de aprendizagem. Qualquer tentativa para reorganização da educação especial, deveria ainda passar, no curto termo, pela redefinição da rede de psicólogos.
Ainda a propósito do programa na TV, a apresentadora, para além de ter feito perguntas, insistiu em ensaiar sínteses do que cada um dos presentes ia dizendo. Provavelmente é um exercício a que são atribuídos muitos pontos na classificação dos noticiaristas perguntadores, mas eu, se fosse noticiarista perguntador titular, dava-lhe nota baixa por me parecer que ela não sabe sintetizar o discurso dos participantes.
Curioso foi o facto da Jerónimo Martins também ter sido chamada a participar. A JM é uma empresa que brilha e um orgulho para o País; não deixa de cometer os exageros que outras empresas - à sua escala - cometem pelo Mundo inteiro, mas esse é um ponto para tomar noutra ocasião. A generalidade dos Portugueses pode orgulha-se da capacidade de afirmação que esta empresa tem no Mundo dos negócios, mas o dirigente da Jerónimo Martins deveria ter pingado mais doce. Uma escola não é uma empresa, nem pode oferecer prateleiras recheadas de luz e cor. Basta olhar para o edifício para perceber que uma escola não é um Pingo Doce.
Antes de ontem, embora não tenha dirigido selectivamente a atenção para o Programa (“Prós e Contras”) que passou na TV, apercebi-me que houve, entre os presentes, a preocupação de fazerem passar a mensagem da necessidade urgente de apaziguamento. Para o efeito houve quem chegasse a propor a utilização de mediadores, como nas guerras. Com mediadores, sem eles, com esta Ministra ou com outra, há um clima de crispação insustentável que alguns pretendem justificar com o exagerado sacrifício pedido aos Professores. Não concordo! O clima tem, na sua génese, a péssima estratégia de culpabilização dos docentes. Se a esse facto adicionarmos uma quantidade generosa de medidas disparatadas e avulso… teremos o caldo.
Não pretendo adoçar o caldo, mas deixo alguns exemplos dessas medidas e também algumas questões para reflexão:
- É razoável que num concurso para hierarquizar a classe docente, uns tenham acedido a professores titulares com 65 pontos e outros, no topo da Carreira, com 92 pontos, tenham sido excluídos? Não é razoável. Entretanto um dos Secretários de Estado veio falar na reabertura do concurso para os docentes no topo da Carreira. É o mínimo, mas peca por ser tarde.
- É razoável que um professor no topo da Carreira tenha de ser avaliado de dois em dois anos? Nem sequer é razoável que tenha de ser avaliado nos termos da Lei em vigor! Avaliar um professor no topo da Carreira, com o sistema de quotas, pode querer dizer que esse professor se sinta mais confortável desinvestindo. A avaliação deveria ser menos burocrática, ocorrer tomando como referência espaços de tempo mais alargados e não incidir de forma evidente na observação de aulas. O número de aulas o observar deveria ser drasticamente reduzido.
- É razoável que um Professor da área de expressões, avalie um professor de especializado em educação Especial, ou vice-versa? O Despacho que tenta minimizar os estragos - e que ainda não foi publicado em DR - continua a deixar o problema em aberto.
- O Estatuto do Aluno? Um desaire escusado quando o clima já estava quente.
- A Legislação para a Educação Especial? Boa vontade, mas muita ignorância. Então é razoável partir do pressuposto que todos os alunos que não são do grupo alvo da educação especial, acederão aos conteúdos programáticos que constam no currículo regular? Há muito a fazer e, caso se queira fazer alguma coisa, jamais poderemos ter a misturada dos mega – departamentos, que só deveria ter existido para efeitos de conveniência no concurso. As Escolas precisam de departamentos para a Educação Especial, onde deverão ter lugar os professores de apoio-sócio educativo e outros (tutores, por exemplo), cujas funções estejam directamente relacionadas com dificuldades de aprendizagem. Qualquer tentativa para reorganização da educação especial, deveria ainda passar, no curto termo, pela redefinição da rede de psicólogos.
Ainda a propósito do programa na TV, a apresentadora, para além de ter feito perguntas, insistiu em ensaiar sínteses do que cada um dos presentes ia dizendo. Provavelmente é um exercício a que são atribuídos muitos pontos na classificação dos noticiaristas perguntadores, mas eu, se fosse noticiarista perguntador titular, dava-lhe nota baixa por me parecer que ela não sabe sintetizar o discurso dos participantes.
Curioso foi o facto da Jerónimo Martins também ter sido chamada a participar. A JM é uma empresa que brilha e um orgulho para o País; não deixa de cometer os exageros que outras empresas - à sua escala - cometem pelo Mundo inteiro, mas esse é um ponto para tomar noutra ocasião. A generalidade dos Portugueses pode orgulha-se da capacidade de afirmação que esta empresa tem no Mundo dos negócios, mas o dirigente da Jerónimo Martins deveria ter pingado mais doce. Uma escola não é uma empresa, nem pode oferecer prateleiras recheadas de luz e cor. Basta olhar para o edifício para perceber que uma escola não é um Pingo Doce.
1 comentário:
a ministra dá o exemplo ao considerar as escolas umas mercearias (ou será lojas de conveniencia??) que têm de dar lucro.
de qualquer maneira também achei que aquele senhor do pingo doce destoava no conjunto...
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