domingo, junho 07, 2009

A debandada


Em dia de eleições e por via da debandada dos professores do espaço "PS", rechamo aqui um post de há uns anos atrás. Cá vai:




Eles comem tudo, eles comem tudo...
A propósito de pesca e da minha recomendação para a dedicação à modalidade, tomei hoje conhecimento de mais uma pérola emanada dos grandes espíritos que, segundo a imprensa, continuam à frente nas sondagens. À frente, destacados e convencidos que a camisola amarela lhes assenta que nem uma luva, até ao final da volta. Fortificados pelas percentagens cómodas do avanço, esquecem que quem responde, não vai, telefona. A coisa funciona mais ou menos assim:

- Está? Importa-se de dispensar uns minutos para responder a um inquérito de opinião?
(chatos do caraças!) -Diga, diga... seja rápido.
-Se votasse hoje que partido elegeria?
-Olhe o... (vou enganá-los para não me estarem a chatear a esta hora) . Ponha lá o PS.
-E na sua opinião...
-Peço desculpa mas vou ter de sair agora mesmo.

Talvez seja conveniente não esquecermos que a ténue linha que separa o engano da realidade já fez tropeçar muitos ciclistas.

Ainda a propósito da pérola, vamos ao anúncio que paira nos jornais: "sempre que alguém pensar em lançar a minhoca (ou equivalente) ao mar, vai ter de pagar".
A questão não está propriamente nos 5 ou 6 euros anuais. Despropositado e absurdo é o facto de deixarem rapar o mar a ponto de parecer um deserto com água salgada por cima e agora terem o descaramento de vir pedir 5 euros a uma pobre alma, que pensa em ir com as suas canas, ver o mar ao fim de semana. Há uma década atrás a costa tinha alguns peixes, hoje percorre-se de lés-a-lés e nem um sargo "pica". Exceptuando um ou outro aranha miúdo -que se divertem a fustigar os vereneantes incautos- nada "pica" na costa. Eu próprio fui um entusiasta do surf-casting. Actualmente espreito o mar e escuto atentamente os pescadores mais experientes, de quem ainda oiço diálogos reveladores do deserto:

-Tamos aqui a moer a paciência e nada! Nem comem...
-E hoje qué o casamento da Lezíra.
-Má qual Lezíra? de Kórtêra?
-Nã diacho... Aquela dEspanhã!
-Má que Lezíra é essa?
-Olha!Merda... A Lezíra Canguereja!
-Puxa lá isso a ver...
-Tá bonito tá... o cabrão deu em pastar (a propósito do pequeno crustáceo que servia de isca e vinha cheio de algas finas). É só barba de milho...
- Iste nem dá pá isca! É diá!

Na verdade o exercício da pesca é fatigante e aos protagonistas resta entabular diálogos estéreis. O estado de deserto a que se chegou deve-se ao desleixo das "autoridades". A pesca ilegal praticada essencialmente pelos barcos de arrasto fez o resto. No Sul só não capturaram ainda alguns turistas, porque durante o Verão descontam uns metros mar adentro. Lavraram a ponto de serem precisas décadas para que uma conquilha se aventure a visitar o areal em baixa-mar.

Que terá isto a ver com educação?
Tudo a ver. Reparem:
É ou não é um deserto resultante da prática do arrasto?
E quem beneficiou da pesca ilegal?

Quem nunca gastou um minuto do seu tempo ou um pouco de paciência a capturar uma só sardinha, nem se expôs às agruras do mar. Contrariamente ao esperável, são os que deglutem lagostas com os lucros da sardinha.

Isto anda tudo ligado!

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