terça-feira, julho 31, 2007

Matematicando

De autor desconhecido, trata-se de uma belíssima equação poética. Ora vamos lá então ver se a Matemática tem, ou não tem, tudo a ver com a vida.




Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.
Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.
"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."
E de falarem, descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A almas primas-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.
Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim... resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar:
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.
E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como aliás, em qualquer
Sociedade.



Agradeço o texto à Nela e a ilustração ao Flávio.

4 comentários:

Anónimo disse...

Adorei!
Pois é; a vida tem desses problemas matemáticos em que devemos ser nós a construir o nosso conhecimento da vida, tal como os alunos devem construir o seu conhecimento matemático...
Na solução não está uma fórmula nem um algorítmo apenas. Há vários caminhos a percorrer...

José António disse...

Concordo absolutamente com a abordagem à complexa equação. Supor que só há um caminho é quase tão perigoso como desistir de procurar caminhos.
Moral da história: Para grandes equações, grandes caminhadas.
Quem diz caminhadas, também pode dizer voos; às vezes é mesmo uma questão de ganhar coragem e conseguir voar. O verbo, aqui "metaforado", pode parecer desajustado, mas que fazer perante um "silvado" de algoritmos, daqueles em que a pessoa está mesmo a ver que se põe o pézinho fica arranhado até ao pescoço?

Nilson Barcelli disse...

Já conhecia este poema matemático.
Está muito bem feito.
Se calhar os profs de matemática podiam aproveitá-lo para motivar os alunos...
Bfs, um abraço.

saltapocinhas disse...

não tenho a certeza absoluta mas tenho quase a certeza que este poema é da Encandescente.
Não sei se conheces, ela é absolutamente fantástica e escreve os melhores poemas que eu já li.
O link dela é este:
http://eroticidades.blogspot.com/
Vai lá que vais adorar!!

Bom domingo!
beijos

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