J. tem 9 anos e um sacrifício consubstanciado em barras de cereais, leite magro e saladas. A princípio ainda tentou dar a volta ao nutricionista argumentando que cortava a gordura de chouriço com sumo de limão, mas os oitenta e tal quilos não lhe perdoaram. Numa atitude de desespero, segundo me confidenciou, "aumentava a balança para trás", mas o exagero da inocência levou-o à dieta. Para além disso, e de acordo com o que aconselhei, faz judo e iniciou futebol numa equipa local. A esse propósito iniciámos uma conversa, da qual relevo este excerto:
J - (a propósito de outro colega de escola que pratica futebol) Eu "tava" ali espantado a ver o gajo. Dá uns "fintos" repentinos...
Prof - É... ele dá uns toques...
J. - Não é mal entendido na bola. Nem mal desenrascado!
Prof. - Pois não... Mas ele também já joga há muito tempo e tu só agora vais começar...
J. - Eu já andei a treinar lá em casa com umas balizas...
Prof. - Acho muito bem, a treinar é que se aprende. E na escola também é importante treinar!
J. - Você não sabe que eu tenho cabeça de galinha?
Prof. - Que asneira é essa? Quando tu estás atento e trabalhas até fazes umas coisas interessantes.
J. - "Atão" quer dizer que eu sou um esperto de primeira para a escola?
Prof. - Quer dizer que quando te interessas e trabalhas, consegues fazer coisas interessantes!
-Após alguns minutos-
Prof. - Toma atenção à maneira como resolveste o problema... há aí, nessa operação, uma coisa que não está bem.
J. - Eu "tou" tão nervoso de saber que tenho jeito para a escola, que já "engalfenhei" está conta de empréstimos.
Prof. - Pois... então respira um pouco...
J. - Sim!...
1 comentário:
Há cada vez mais gordinhos e a culpa é nossa, dos pais...
Motivar os alunos será o mais difícil para os professores, os quais possuem um manancial de histórias imenso para contar, por certo.
Abraço.
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